(Resenha) #21 O Gigante Enterrado - Kazuo Ishiguro

O Gigante Enterrado
Kazuo Ishiguro
Fantasia
Desafio #21 Livro Escolhido Pela Capa

Quando eu tinha a idade delas, tenho certeza de que eram os velhos os cheios de medos e crendices bobas, que achavam que todas as pedras eram amaldiçoadas e todos os gatos erradios eram espíritos malignos. Mas agora eu mesma fiquei velha, e o que vejo é que são os jovens que estão cheios de crendices.

Quem é que nunca pelo menos foi tentado a ler a sinopse de um livro só por causa de sua capa? As vezes , a editora fez um ótimo trabalho, mas o livro nem é tão bom assim, pra você pelo menos, ou perdemos a oportunidade de ler um ótimo livro por ter passado batido por ele. Ou ainda a capa te chama a atenção, a sinopse também promete, e de fato o livro é muito bom, mas talvez a capa poderia ser diferente, se Querig e seu bafo estampassem a edição iria ficar perfeito!


Certo dia o Sr. Axl levanta mais cedo que o habitual e se lembra de algumas coisas que havia estranhamente se esquecido, algumas até bem recentes, então quando sua mulher, Beatrice agora eles conversam e vão se lembrando mais coisas, e resolvem sair de sua pequena aldeia para ir encontro de seu filho a tempos esquecido.
Durante o caminho os dois velhinhos encontram Sir Wistan, um guerreiro saxão que está por aquelas bandas para cumprir uma missão do seu Rei,  mas que também acaba salvando um menino de criaturas. Edwin apesar de salvo, acabou sendo mordido e sua aldeia com medo que ele estivesse infecção queriam que ele morresse. Assim Sir Wistan, que viu muito potencial de um guerreiro no garoto, decide leva-lo consigo e acompanhar Alx e Beatrice também. Eles também conhecem Sir Gawain, um cavaleiro que apesar de velho ainda é muito habilidoso, sobrinho e último cavaleiro do Rei Arthur, e sempre pronto para cumprir sua missão com a dragoa Querig. Mas o que realmente move a trama é a névoa do esquecimento,

O senhor diz que o hálito de Querig mantém isso fora do seu alcance, mas será que não são apenas os anos que fazem isso, ou mesmo este vento capaz de transformar até o monge mais sábio num tonto?

A história é contada por um narrador até o meio do livro, quando todos os personagens estão juntos, depois eles se separam e a narrativa se alterna em primeira e terceira pessoa, achei um pouco confuso, além disso vai e volta no tempo com muitas lembranças, as vez elas começam no começo do paragrafo e no final termina já no presente. Apesar disso a narrativa é bem interessante, a gente vai lembrando das coisas junto com eles. Mas acho que vale uma segunda leitura pra pegar todas as pequenas sutilezas do autor, além do mais não conheço muito sobre os dois povos.

O que você preferiria, se esquecer das coisas que passou, boas e ruins, ou se lembrar de tudo, do amor mas também das guerras, da violência e terror ?

Ishiguro trabalha muito bem com o conceito de que o bom e o mal não são absolutos, talvez o mal seja um mau menor e o bem acabe trazendo mais mal e vingança.
Sem dar uma resolução e levantando mais perguntas.

Quando já não há mais tempo para salvar, ainda há bastante tempo para se vingar

Gostei bastante e indico pra quem gosta de livros de fantasia, com cavaleiros, pra quem gosta das histórias sobre o Rei Artur e também pra quem gosta de fábulas!

Versão US e UK das capas.

Ahhh, o responsável pela arte da capa dessa edição é o português Pedro de Kastro, suas ilustrações são incríveis.