(Resenha) #22 Vidas Secas - Graciliano Ramos

Título: Vidas Secas
Autor: Graciliano Ramos
Gênero: drama; literatura nacional
Desafio #22 Livro que deveria ter lido na escola e não leu

O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário - e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde.

Bem, eu sempre fui uma boa aluna, li todos os livros que os professores pediram, até me esforcei para ler o Guarani do José de Alencar, mesmo me perdendo nas enormes descrições e aguentando o pó daquela edição da biblioteca, mas o restante da turma pediu para a professora mudar, e ela resolveu trocar por Senhora, do mesmo autor, ainda bem, assim pude parar de  ler sem culpa e ler um dos melhores livros que li naquela época. Embora devo confessar que minha escola não obrigava muito os alunos a lerem, mas tinha algumas amigas, e vivíamos na biblioteca lendo principalmente os livros da coleção vagalume <3 Lembro que muitos amigos meus leram Graciliano Ramos, mas acabei não entrando na onda, então foi por isso que escolhi ele para esse desafio!

Já no primeiro capítulo vemos Fabiano, sua esposa, os dois filhos e a cachorra Baleia, como retirantes, procurando um lugar pra se assentar. A viagem é dura assim como a terra, mas as coisas acabam dando certo e eles acham um lugar para morar. Então a partir daí conhecemos mais cada um dos membros da família tem seu próprio capítulo, (inclusive a cachorra) aí descobrimos seus desejos a simplicidade e as amarguras.

Fabiano é um homem bem turrão, um vaqueiro e não é bom com as palavras, já que não conhece muitas delas, as vezes se compara a um animal, e sua falta de habilidade com as palavras acabam o prejudicando, gravando nele um ódio e desejo de vingança. Já Sinhá Vitória que até sabe um pouco de contas tudo o que deseja é poder deitar em uma cama confortável. Em meio a isso temos os filhos (sem nomes) o mais velho e o mais novo, vêem o pai como modelo e como todo criança, são curiosos por perguntar acabam mas pouco tem de respostas. A Baleia sempre acompanha o menino mais velho, ajuda caçando e se contenta com os ossos, sua maneira simples e prática de pensar, acho que o livro inteiro poderia ser do ponto de vista dela. =)

O livro tem muitas palavras que eu não conhecia, expressões típicas nordestinas, o que contribuiu bastante para a ambientação, apesar de eu mesma me sentir como Fabiano que não entendia muito bem o que as outras pessoas lhe diziam... Essa história também não fala muito sobre o passado, o que aconteceu antes deles partirem, eles se assentaram e pronto, a história começa. 

É um bom livro para se refletir, tentar entender a resignação e chama de uma nova vida sonhada.

Indico pra todos que ainda não leram, é bem curtinho e ainda conhecemos uma parte ainda atual do nosso Brasilsão.