(12 Meses de Poe) Outubro - Berenice

Olá galera sombria.

Nesse mês de outubro Poe chega bem mais cedo por aqui.

Nossa, mas porque?

Porque hoje dia 07 de outubro é o dia em que Poe nos deixou aos 40 anos de idade, em condições dignas de um de seus contos, tão estranha e misteriosa que ainda é discutida até hoje.

Mas primeiro vamos ao Conto proposto pela Ana, para este mês.

Berenice

Em Berenice nosso narrador tem um nome, Egeu, e ele começa o conto falando um pouco da casa onde nasceu e viveu, um lugar lindo e mágico, ali ele cresceu junto de sua prima Berenice, criados de forma tão diferente: ele, doentio, recluso e triste; ela, vivaz, livre e alegre. Mas com o tempo, uma doença terrível atinge a graciosa Berenice, mudando-a completamente.

Só que nosso narrador, Egeu, também está doente, mas a doença dele é mais psíquica, ou como ele mesmo fala, é de ordem espiritual, e ele passa a ter uma certa obsessão, ele perdia horas devaneando sobre pequenos detalhes sobre tudo, como o perfume de uma flor, uma certa palavra, sua contemplação é tão profunda chegando ao estado hipnótico. E como não podia deixar de ser, Egeu passa a contemplar um detalhe em sua prima Berenice ( e não, não essa parte, seu indecente XDDD)

Dani: Conheci esse conto através de uma mini série brasileira que passou na Fox, Contos de Edgar, a série é bem interessante, é adaptara para os dias de hoje, e o Edgar é um observador, ele está sempre trabalhando onde acontece as tragédias e assim pode contar essas histórias, mas o clima é bem Poe, 'loucura e morte'.

Como vocês devem ter reparado, os contos românticos de Poe são meus favoritos, e esse já estava no roll desde que li pela primeira vez, pouco depois que assisti a série, gosto do clima gótico e mágico do local onde acontece os fatos, aquela ar fantasmagórico e brumoso, acho que até eu me perderia em devaneios se vivesse em um local tão maravilhoso.

Poe consegue criar um clima muito tenso e misterioso rondando Egeu e sua prima, a doença rondando os dois de forma inexorável, como uma dança macabra, e aquele final, que tanto me impressionou.

Carol: Quando lembro de Poe, penso justamente em contos assim, com essa pegada sobrenatural, melancólica e trágica. E tem tudo isso em Berenice. O bom é que ele não tem muito vocabulário rebuscado e a leitura vai bem mais rápida e instigante. Poe é mestre em transformar poucas paginas em grandes historias!

Mais uma vez Poe fala sobre catalepsia, quem leu o conto Enterro Prematuro pode ver bem que esse assunto ele gosta bastante.

A Morte do Mestre

Como falamos lá no começo hoje faz 167 anos da morte de Edgar Allan Poe, o homem que ousou viver de seus escritos, em uma época que isso não existia nos Estados Unidos, ele foi um dos primeiros a escrever para as massas, em um romantismo sombrio, contos aventureiros, e a criação do Detetive August Dupin, que lhe deu a dianteira do gênero Policial (sendo ele considerado o pai do gênero).

O legado do autor pode ser visto em muitas frentes, Sir Arthur Conan Doyle, se inspirou em Dupin, Assassinato na Rua Morge, para escrever seus contos tão conhecidos hoje em dia. Poe, na novela  A Narrativa de Arthur Gordon Pym, ajudou a moldar um dos gêneros da Ficção científica, sendo citado por mestres do gênero como Julio Verne e H.G. Wells. Isso sem falar nas sua ajuda na popularização da criptografia, tão importante na nossa "era da computação". Uma curiosidade, que descobri pesquisando para esse post, na obra Eureka, Poe teorizou um Big Bang, oitenta anos antes de uma teoria científica sobre o mesmo.

Mas estamos aqui hoje para falar da morte do grande escritor, e, ela foi digna de um de seus contos, no dia 3 de outubro Poe foi encontrado pelas ruas de Baltimore em estado 'lastimável', delirante, falando coisas desconexas entre as quais a frase "Senhor, ajuda minha pobre alma". Ele foi levado ao hospital, mas acabou falecendo no dia 7 de outubro de 1849, sem voltar nenhum momento ao estado lúcido para contar oque havia acontecido, ou esclarecer de alguma forma o mistério. Que aumentam ainda mais, visto que a única testemunha de seus minutos finais, não é muito confiável, já que ele mudava a versão cada vez que repetia a história.

E o mistério continua, quanto a causa de sua morte. Estranha e convenientemente, todos os registros médicos e o atestado de óbito de Poe foram perdidos, isso gera, ainda hoje, especulações sobre a causa da morte do escritor, era sabido que Poe tinha depressão e que abusava do álcool, mas será que foram essas as causas da morte? Um suicido, ou alguma doença causada pelo alcoolismo? As teorias acusam desde Diabetes, passando por Sífilis, problemas cardíacos, abuso de drogas, até Raiva. Isso, claro, abriu as portas para detratores e difamadores, para pintar Poe como "Um bêbado, depravado, que abusava das mulheres, e de drogas".

Poe foi enterrado de forma precária, mas com o tempo vários fãs começaram a visitar a tumba do escritor, então a professora Sara Sigourney Rice, arrecadou fundos para construir um memorial mais condizente com a ilustre figura. Sendo assim Poe foi enterrado novamente. Ah, como não podia deixar de ser sua exumação também foi marcada por eventos bizarros, primeiro não conseguiam achar seus restos mortais, e quando acharam, seu crânio ainda se achava bem conservado (pelo menos é o que dizem). Mais tarde os restos mortais de sua esposa, Virginia (que havia morrido dois anos antes de Edgar) fora colocados nesse mesmo monumento.

E isso, foi só um pouco da história de Poe, até novembro, com mais um conto. Até lá!

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