(Resenha) #28 A Casa de Thendara

Título: A Casa de Thendara
Autor: Marion Zimmer Bradley
Gênero: Fantasia
Desafio #28 Livro lançado no ano de seu nascimento

Olá pessoal, dessa vez nosso desafio pediu para ler um livro lançado no ano em que nasci, e eu podia ter escolhido um dos três livro de que King lançou em 1983, que foram Christine, O Cemitério e A Hora do Lobisomem, mas decidi fazer diferente escolhendo um livro de uma autora que eu também amo, Marion Zimmer Bradley, autora de Brumas de Avalon.

Jaelle parou de falar. Ele parecia, ocorreu-lhe, como Dom Gabriel ao se referir às Amazonas Livres: como se insultasse os homens de sua família que uma mulher aprendesse a se defender, em vez de recorrer aos parentes.

A Série Darkover é uma longa série de livros independentes que contam a história de uma colônia perdida da Terra em um planeta distante que evoluiu com uma cultura feudal própria, quem quiser saber um pouco mais vou deixar um este link para vocês.


Agora uma aviso importante, essa resenha pode conter spoiler do livro Corrente Partida, mas se você não leu e mesmo assim quer ler A Casa de Thendara, logo no começo do livro existe um resumo em forma de relatório que uma faz personagens faz aos seus superiores.


A Casa de Thendara é um dos poucos livros que é continuação direta de outro livro, no caso do livro Corrente Partida, que eu fiz resenha lá no Skoob, a história começa onde acaba o livro anterior com nossas heroínas chegando em Thendara, Margali vai até a base Terráquea para se desligar de seu cargo como tradutora, antropóloga e faz tudo do Legado (espécie de Consul do Império Terráqueo em Darkover) para começar um treinamento na Casa da Guilda das Renunciantes (conhecidas com Amazonas Livres, um grupo de mulheres que renunciam a ajuda e proteção dos homens), chegando lá descobre que não será tão fácil renunciar suas obrigações, já que ela é a melhor no faz, alem de que as Amazonas querem fazer um trato com os terráqueos para trabalharem e aprenderem algumas tecnologias, agora sua superiora quer informações desse misterioso grupo, e Magda (para os terráqueos) acha isso bem razoável, já Margali (para os Darkovanos) acha uma traição as suas novas companheiras.

― Chegou muito perto da verdade. Talvez a diferença mais importante entre homens e mulheres esteja na maneira como a sociedade pensa a respeito deles; as coisas diferentes que se esperam deles. Mas não há de fato uma resposta certa, Keitha. Você, Margali e Doria disseram parte da verdade.

Ao mesmo tempo temos a Amazona Jaele, agora como companheira livre de Peter, vai morar na base Terráquea, onde substituirá Margali, aqui vemos uma darkovana sendo exposta a uma cultura totalmente diferente da dela. (Magda é terráquea, mas nasceu e foi exposta a cultura de Darkover desde pequena) Tem partes que é bem engraçada, por exemplo, quando ela se pergunta porque tanta escada rolante, mas existe algo que ela não gosta nem um pouco, ser chamada pelo nome do marido.

― Por que devo usar uma plaqueta com meu rosto, quando todo mundo pode vê-lo? perguntou Jaelle.
― A fim de que possamos verificar se o crachá confere com seu rosto, evitando assim que pessoas desautorizadas tenham acesso às áreas de Segurança.
Jaelle, que já estava completamente confusa, concluiu que não adiantava perguntar por que alguém haveria de querer entrar num lugar em que nada tinha para fazer. E ao que tudo indicava, não havia nada de interessante para se ver por lá.

Hoje em dia existe um grande entusiasmo com livros que tratam de questões feministas, empoderamento, machismo, violência contra a mulher, sororidade, isso sem falar nas questões da sexualidade, se acha que isso é novo, bom melhor pensar novamente, Marion já escrevia sobre esse temas há muito tempo, esse livro já está fazendo 34 anos.

(...) Descobrira uma solidariedade que jamais conhecera antes, um mundo de mulheres. E esse mundo era pequeno e mesquinho sob muitos aspectos, baseado na negação e restrição, construído por mulheres que se consideravam livres, mas na verdade se encontravam aprisionadas por uma centena de Pequenas maneiras, que vida era inteiramente livre? E havia liberdades espantosas naquela vida. (...)

O livro mostra mais o dia a dia das duas personagens tentando se encaixar em um novo contexto, o choque de cultura, como uma garota que foi resgatada de uma cultura onde as mulheres eram algemadas aos maridos, cresceu entre mulheres que renegam a proteção de homens, ouvindo e salvando outras mulheres que sofrem violência de seus maridos, e agora ela se vê casada, sozinha, e cercada de pessoas muito diferentes culturalmente dela? Já a outra achava que sua vida já estava certa, até que resolve ' jogar tudo para o alto e pedir demissão' mas agora ela está sendo treinada de forma espartana e tendo sua vida completamente questionada por mulheres que ela não conhece.

Mas temos também várias pequenos conflitos e a todo momento ficava meio tenso o clima entre a realeza darkovana e os terráqueos, também temos o combate a um grande incêndio, em fim não falta muita emoção nesse livro, agora vou ter que colocar o último livro da trilogia na meta para 2017 A Cidade da Magia.

Quem fora o filósofo terráqueo que escrevera que como nenhum homem podia ser livre, podia ser considerado afortunado aquele homem que escolhesse uma escravidão a seu gosto? A Comhi Letzii, Irmandade das Libertas, pelo menos escolhera por si mesma.

Indico para todos que gostam de aventura, fantasia, e também para que gosta de uma bela reflexão sobre a mulher e seu papel na sociedade.