(Resenha) #41 Hellraiser

Título: Hellraiser
Autor: Clive Barker
Gênero: Terror
Desafio #41 livro que assuste

Todo mundo já deve ter percebido que sou a doida do terror, amo livros que traz aquele suspense que te faz grudar os olhos no livro até chegar aquele momento climático onde podemos respirar aliviado, será que Hellraiser, sendo um livro relativamente pequeno, conseguiu cumprir os requisitos que considero essenciais para um bom livro de terror?

O livro começa nos apresentando Frank, um cara sedento por experiencias sensuais, um belo dia ele se depara com uma linda caixa, Caixa de Lemarchand, e a promessa de que seus sonhos mais eróticos seriam satisfeitos em uma dimensão de intensos prazeres. Frank só não sabia que a noção de Prazer das criaturas que vieram lhe buscar, os Cenobitas, era bem diferente das suas.

Frank vira quebra cabeças parecidos em Hong Kong, fruto do gosto dos chineses por criar metafísica a partir de madeira bruta - mas à acuidade e técnica do chineses, o francês trouxera uma lógica perversa que era só sua. Se o enigma tinha um sistema, Frank fracassara em encontra-lo. Somente após várias horas de tentativa e erro, uma justaposição ao acaso dos polegares e dos dedos médios e últimos deu algum fruto: um clique quase imperceptível e, então, vitória! Um seguimento da caixa deslizou para fora dos demais.

Depois desses eventos temos um pequeno salto no tempo e passamos a acompanhar Rory, sua esposa Julia e Kirsty. Rory e Julia acabam de se mudar para uma casa da família de Rory, mas Julia não está nem um pouco contente com a situação, até que em um belo dia, depois de seu marido sofrer um pequeno acidente e seu sangue pingou no chão, isso desperta algo na casa, e o terror tocara as pessoas que tiverem contato com essa casa.

Como já disse o livro é bem curtinho e por isso sua história é bem enxuta, nada de embromação, mas mesmo assim ele consegue desenvolver muito bem os personagens, especialmente Julia, Frank e Kirst que tem personalidades bem distintas e fortes, Julia é uma mulher presa em um casamento de conveniência, na realidade ela é apaixonada por Frank e seu jeito brutal, Frank é um narcisista, e Kirsty tenta ajudar Rory mas da para perceber que ela tem sentimentos mais complexos por ele.

A parte do suspense é feita de um jeito magistral pelo autor, sempre que nossos amigos 'de outro mundo' resolve aparecer começamos a ver os sinais, o vento, os ruídos, ele sabe muito bem montar o clima, tanto que eu conseguia até sentir o cheiro da umidade daquele quarto profano.

O pensamento fez sua respiração acelerar. Ele antecipara aquele momento com enorme sutileza, planejando aquele despedaçar do véu com toda a sagacidade que possuía. Em poucos momentos, eles estariam ali - aqueles que Kircher chamou de Cenobitas, teólogos da Ordem de Gash. Trazidos dos seus experimentos nos recessos mais altos do prazer para expor suas mentes a um mundo de chuva e fracasso.

Já li um dos livros de contos do autor, o Livros de Sangue 1, e pude notar que o Gore (subgênero cinematográfico dos filmes de horror, que é caracterizado pela presença de cenas extremamente violentas, com muito sangue, vísceras e restos mortais de humanos ou animais) é uma de suas marcas, e nesse livro tem bastante, especialmente nas cenas de Frank, então se prepare para as coisas mais gosmentas, tem gente que fica meio desconfortável com esse tipo de coisa, eu aprecio, mas com moderação, por que se não, perde a graça, e nesse livro achei que foi na medida certa.

Esse livro é mais conhecido pelo filme, eu mesma só fiquei sabendo do livro muito tempo depois. Achei a adaptação bem fiel, já que o autor cuidou pessoalmente do projeto, e ela ainda acrescentou uma mistica maior em um personagem que já virou ícone dos filmes de terror, Pinhead, ainda prefiro o livro onde os cenobitas ficaram ainda mais misteriosos, mas mesmo assim acho que seria interessante uma refilmagem, por os efeitos da época, só por muita força de vontade mesmo para ver XD.

- Eu costumava dizer isso para mim mesmo - ele falou - Todo santo dia. Costumava tentar sonhar para espantar a agonia. Mas não é possível, acredite em mim. Não dá. A agonia tem de ser sentida.

Não costumo falar aqui das edições físicas dos livros, mas desta vez não dá, gente está magnifica, uma capa imitando couro preto, esse dourado da Caixa é muito brilhante, é um livro que mesmo que a história fosse ruim eu não me arrependeria de ter comprado, afinal é uma obra de arte que enfeita toda e qualquer estante.

Bom gente, realmente a história não vai agradar a todos os estômagos, mas com a proximidade com o dia das bruxas, acho bem legal ler alguma coisa para entrar no clima do mês do horror e esse é uma boa pedida já que ele é bem curtinho.