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segunda-feira, janeiro 22

(Resenha) #45 - Cisnes Selvagens

Título: Cisnes Selvagens - As três filhas da China
Autor: Jung Chang
Gênero: drama, histórico, autobiografia, biografia


Olá pessoal, tem alguns livros que a gente só lê com o objetivo de sair da zona de conforto, e pra mim esse foi um deles, já que combina dois temas que não são meus preferidos, como a biografia e a política, mas apesar disso mergulhei na leitura embora tenha ficado horrorizada por diversas vezes.

"Sempre me tinham dito, e eu acreditava, que vivia num paraíso terrestre, a China socialista, enquanto o mundo capitalista era o inferno. Naquele momento, perguntei a mim mesma: « Se isto é o paraíso, como será o inferno?» Decidi então que gostaria de ver por mim mesma se existia na verdade um lugar mais cheio de dor."
Cisnes Selvagens, conta a trajetória de três gerações de mulheres, avó, mãe e filha, que viveram na China de 1909 até 1978. Escrito pela Filha Jung Chang, que conseguiu reunir muito materiais sobre sua família.

Yu-Fang, a Avó, nasceu na Manchúria em uma época onde ter pés minúsculos era sinônimo de beleza, isso no fim da última Dinastia chinesa e início da República. Em 1912, se tornou concubina de um General, Senhor da Guerra. Sua filha nasce em uma época de grandes conflitos, o Partido Nacionalista (Kuomintang) governando com grande corrupção e a invasão dos Japoneses. Depois da morte do General, Yu Fang, casa-se com o Dr. Xia, um bom homem devoto da Sociedade da Razão, e de origem Manchu, ele quem rebatizou Bao Qin, para então De (virtude) Hong (Cisne Selvagem).

Bao Qin/ De Hong, a Mãe, cresce durante o duro período em que os japoneses dominaram a Manchúria, (criando Manchukuo) durante a 2° Guerra Sino-Japonesa, nessa época os comunistas se aliam ao Kuomintang para lutar contra os japoneses mas em 1945, quando os japoneses se rendem quem se mostra à população são os "Vermelhos", aí nasce a simpatia de Bao Gin pela "causa", apesar dela ter muitos amigos no Partido Nacionalista. Logo depois a Gerra civil entre os dois voltam culminando na vitória do Partido Comunista.

Er Hong/Jung Chang, a Filha, nasce durante a República Popular da China, seu pai, um comunista incorruptível, sempre fiel aos seus valores. Er Hong, vivenciam muitas das campanhas absurdas do Partido como o Grande Salto em Frente e a Revolução Cultural.

Bem, essas são as 3 mulheres e suas contextualizações históricas, tantas mudanças e só se passaram 70 anos (isso sem falar de 78 pra cá).

Das 3, gostei muito do início com a avó, parecia que lia uma história de fantasia, com uma protagonista, forte, determinada e sempre muito feminina e o Dr. Xia é a melhor pessoa desse livro, sempre justo mas gentil, diferente do Pai que de tão justo às vezes torna-se injusto, mas ao decorrer do livro fiquei com muita pena dele, tudo que ele lutou foi em vão.

Quando realmente começa a falar sobre o comunismo, na segunda, e maior,  parte do livro, fiquei chocada em muitas passagens, como os comunistas sempre tinham que, literalmente, brigar pela sua "causa", e com essa "causa" sempre mudava de hora pra outra de acordo com diversos interesses, tornando quem antes era "camarada" em inimigo, mas o pior de tudo pra mim, foi a Revolução Cultural, foram momentos perturbadores.
"Distrair-se» tornara-se um conceito obsoleto: os livros, os quadros, os instrumentos musicais, o desporto, as cartas, o xadrez, as casas-de-chá, os bares - tudo isso tinha desaparecido. Os parques e jardins estavam devastados, assolados por vândalos que tinham arrancado as flores e a relva e morto as aves e os peixes. Os filmes, as peças de teatro e os concertos estavam proibidos."
Por mais que esse um livro seja, sobretudo, sobre assuntos políticos, e por isso foi banido, não sou de discutir sobre política, ainda mais que esse ano é de eleição de presidente, mesmo assim livros assim servem de reflexão, por isso gostei tanto.

Mas fico triste em ver pessoas que ainda apoiam o comunismo, talvez essa leitura faça refletir que o idealismo é diferente da vivência.

Aproveito para indicar também a história em quadrinhos de Persépolis, que também é uma auto-biografia que vivência a mudança do Irã de Estado Laico para uma República Islâmica.
Mao tinha aprendido, com os grandes guerreiros da antiguidade chinesa, que a maneira mais eficaz de cativar as pessoas era conquistar-lhes o coração e o espírito. A política adotada em relação aos prisioneiros revelou-se extraordinariamente bem sucedida.

13 comentários:

  1. Livros assim são muito bons para refletir, obrigado por essa dica e ótima resenha!

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  2. Geralmente não leio livros desse tipo, a menos que seja a única opção, mas como tenho me surpreendido vou adicionar a estante e procurar para ler. Adorei a resenha.

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  3. Vez ou outra, também costumo tentar sair da minha zona de conforto e acontece de ser bem surpreendido.

    Colocarei esse livro na minha lista da zona de desconforto rs Afinal, também evito discutir sobre política.
    www.samueloranjee.com

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  4. Raramente leio biografica, mais uma das minhas metas para esse ano é apostar na biografia, eu escolhi da frida já ouviram falar? Muito boa

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  5. ReLmente política política biografia São temas até obscuro e um pouco complexo, porém algo que vivemos.Socialismo, capitalismo São forma de governo que cada um tem sua característica bons ora ruim.Existe inumero livros filmes que relatam as confusões até no âmbito familiar.Gostei do resumo.
    www.robsondemorais.blogspot.com.br

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  6. Livro meio pesado, confesso que não é do meu interesse, mas o modo que vocês abordaram é incrível. Gostei do texto. O livro eu passo.

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  7. Oi Caroline, tudo bem?

    Ainda não conhecia o livro, mas fiquei bem interessada, pois gosto muito de ler sobre política, principalmente se for biográfico. Trazer essas 3 gerações de mulheres me parece uma ótima jogada, e a questão do Comunismo é algo que gosto bastante de ler e saber mais a respeito. Adorei a resenha!

    Beijos!

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  8. Oi, tudo bem? Que enredo mais interessante. Ainda essa semana assisti um filme sobre a cultura japonesa. Sobre o que eles consideram certo ou errado. E como se comportam em sociedade. É interessante pensar que são tão diferentes de nós ocidentais. Também não gosto de discutir sobre política, mas a questão de conhecer a cultura de outros povos me chama muito atenção. Ótima indicação. Beijos, Érika =^.^=

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  9. Sua resenha está ótima! Tanto que fiquei com vontade de ler, mesmo a política não sendo um tema que me agrade, sair da zona de conforto é bom, de vez em quando rs.

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  10. Adorei a sua rsenha! Eu andei saindo bastante da minha zona de conforto ano passado. Eu adorei a experiencia!

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  11. Olá! Tudo bom?
    Como vc também não gosto de discutir ou ler coisas políticas e biográficas, no entanto, às vezes é necessário. Principalmente sobre política, para entender esse momento que vivemos hoje.
    Seria muito difícil para mim pegar esse livro e ler, mas seria um bom desafio. Para quem estuda história é um prato cheio.

    E PERSÉPOLIS eu amei! Li e adorei.

    Bjão
    Diego, Blog Vida & Letras
    www.blogvidaeletras.blogspot.com

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  12. Oi, tudo bem?
    Eu ainda não conhecia esse livro e confesso que a primeira vista ele não tinha chamado a minha atenção, mas eu li a sua resenha e fiquei muito curiosa com a historia, eu gosto de temas politicos, principalmente quando mostram outras realidades.

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  13. Oi, Tudo bem Carol?
    Eu adorei a resenha, ainda não tinha visto nada sobre esse livro, e achei muito interessante, principalmente que envolve toda essa jogada politica.
    Abraços!

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