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sexta-feira, outubro 19

(Halloween Nights) Resenha História de Fantasmas

Título: História de Fantasmas
Autor: Charles Dickens
Gênero: Contos, Sobrenatural
Editora: L&PM Pocket

Sinopse:
A estreia de Dickens na literatura se deu com a publicação de contos em periódicos ingleses da época. O grande escritor vitoriano, conhecido pelos romances que abordam a problemática social e retratam as difi culdades da infância, tinha um gosto especial por fenômenos sobrenaturais e histórias de fantasmas, especialmente as natalinas. Treze delas, incluindo "Fantasmas de Natal", estão reunidas nesta edição. Dickens, como mestre que foi – reconhecido por nomes como George Orwell e Hans Christian Andersen –, trabalha as tênues fronteiras da loucura e da sanidade e cria histórias lúgubres vividas por pessoas comuns, surpreendendo até os mais incrédulos.
Sempre quis ler algo de Charles Dickens, ele é um mito, conheço tantos títulos dele como David Coperfield, Oliver Twist, Um Conto de Natal, Conto de Duas Cidades, é deu para perceber que são vários, mas ainda não tinha lido nada dele, então aproveitei os "Fantasmas" e coloquei o livro em minha TBR de Halloween 2016 além dele estar na minha lista do desafio Booktober do Terror, e tirei o atraso, e aí? Será que a escrita de Dickens me conquistou?

Logo de cara preciso dizer que acho incrível como os autores góticos tinham uma magia nas palavras, como eles conseguem com tão pouco evocar um sentimento solitário e lúgubre, o que autores modernos não conseguem usando vários parágrafos. Vamos aos contos?

O local onde acontece o conto
O Sinaleiro exite.
No primeiro conto, O Sinaleiro, mostra o narrador conhecendo um sinaleiro que trabalha na boca de um túnel de locomotiva, os dois , sinaleiro e narrador, ficam intrigados um com o outro, então o sinaleiro resolve contar sua história. Faz um tempo um vulto apareceu no luminoso, logo após algo terrível aconteceu, depois disso o vulto a aparecer, e nada de bom vem depois....
Esse conto tem um tensão crescente que te faz ler até o final para saber o que vai acontecer de qualquer jeito.

O Segundo conto, Manuscrito de um Louco, já começa nos fazendo perguntar, o que que aconteceu com esse cara?
"Sim, de um louco! Como essa palavra teria afligido meu coração muito tempo atrás! Como teria despertado o terror que costumava me assolar algumas vezes, lançando o sangue a zunir e formigar pelas minhas veias, até o suor frio de medo estagnar em grandes gotas sobre a minha pele e os meus joelhos baterem um no outro de pavor! Agora, no entanto, eu gosto dela. É uma boa denominação. Apresente-me o monarca cuja a carranca zangada foi alguma vez tão temida como o olhar penetrante de um louco - cujo machado e forca foram quase tão infalíveis quanto as mãos fatais de um louco. Rá! Rá! É uma coisa formidável ser louco! Ser espiado como um leão selvagem através das barras de ferro - ranger os dentes e uivar, por toda a longa e calma noite, ao alegre tintilar de uma corrente pesada - e rolar e se enroscar na palha, transportado por música tão feroz. Viva o hospício. Ah! É um lugar fora do comum!"
O final é prefeito e bem macabro, foi meu preferido.

Esse se chama A História do Caixeiro-Viajante, é mais uma história de fantasia, aqui nosso viajante decide se abrigar de uma tempestade em uma casa muito antiga, ali ele fica em um quarto onde existe algo ainda mais estranho e antigo que a casa.
Tem uma pegada bem divertida, mas achei um pouco rápido.

Grub e o Duende
Depois temos A História dos Duendes que Sequestraram um Coveiro, onde conhecemos Gabriel Grub, um coveiro muito, mas muito mesmo, rabugento, que decidiu terminar de abrir uma cova em plena noite de Natal, e acaba topando com criaturas pra lá de estranhas.
Outro conto muito divertido, é bem engraçado ver Grub lidando com os duendes, e ver que essa estranha passagem em sua vida o transformara.

O Quinto conto, A História do tio do Caixeiro-Viajante, nesse conto o sobrinho do caixeiro-viajante conta uma história fantástica que seu tio lhe conta, nela, o tio conta que um dia, após sair de uma festa com bebedeira, ele caba dormindo em um velha carruajem dos correios, quando acorda ouvindo conversas, quando ele sai  tudo está diferente, e a carruajem está novinha em folha, e não aquela coisa velha em que ele entrou, e ele se vê envolvido em uma trama de amor, ódio, dinheiro e morte.
É um conto interessante, mas também achei corrido, mais que isso, achei meio atropelado.

O Barão e o Espirito do Desespero e Suicídio
No conto seguinte, O Barão Grogzwig, nesse conto conhecemos o Barão, ele ama caçar, mais depois de um tempo, em meio ao tédio, decide que é hora de se casar, mas não se deu muito bem não, sua mulher tinha um filho por ano, crianças chatas e birrentas, sua esposa era mandona e exigente, fazendo-o se afastar de tudo e todos que gostava, e sua sogra que sempre estava por ali para ajudar a filha no parto, era o esteriótipo da sogra. Depois de anos de sofrimento o Barão decide acabar com tudo, e caba se deparando com o Espirito do Desespero e Suicido. O que será que resulta dessa conversa?
Esse conto possui uma boa reflexão sobre amor, casamento, liberdade, e a forma como nos comportamos por achar que é o certo, mas será que é? Adoro o Espírito, ele é tão rabugento que chega ser engraçado.

Capa de uma edição em espanhol, muito linda!
No próximo conto, Uma Confissão Encontrada no Cárcere à Época do Rei Carlos II, um moribundo, nos conta como ele e seu irmão eram diferentes, mas iguais em certas coisas, os dois se casaram com duas irmãs, mas ele e a esposa do irmão parecem estar sempre se encarando. Ela acaba morrendo no parto, poucos anos depois é a vez do irmão do narrador também falecer, e nosso narrador se vê tutor do garoto, que se parece muito com a mãe e ele sente que o menino não gosta dele, e ele começa a ter uma vontade estranha e irresistível de mata o garoto.
Esse conto tem um tom confessional, arrependido, de loucura e morte, me lembrou bastante Poe.

No oitavo conto, Para Ser Lido ao Anoitecer, nosso narrador ouvindo um grupo de homens que estão contando histórias de fantasmas, sentados olhando os Alpes Suíços, uma das histórias foi vivida por um italiano, ele conta que em um de seus trabalhos acompanhou um casal em lua-de-mel, a noiva andava muito nervosa, ele estava sonhando sempre com um rosto taciturno e estava com medo de encontra-lo na casa para onde iriam, será que eles encontram o tal rosto? E quem será o dono dele?
O conto é bem interessante, mas achei um pouco confuso as vezes.

O nono conto, O Julgamento por Assassinato, onde um dos membros do jure nos conta sua história insólita, alguns dias antes ele vislumbrou duas figuras, uma perseguindo a outra, e essa cena aconteceu em uma movimentada rua de Londres, onde o escritório do jurado se localiza, a rua estava lotada, mas as duas figuras parceiam não esbarrar em ninguém. Pouco tempo depois ele é chamado para ser jurado em um caso de assassinato, e o Réu é uma daquelas figuras.
Esse conto tem uma tensão bem grande, e uma figura do Além está sempre por ali acompanhando o caso, é um conto bem interessante.

O Decimo conto é muito fofo, em Uma Criança Sonhou com uma Estrela, temos dois irmãos muito sonhadores, eles sempre olhavam uma estrela que aparecia atras do pináculo da igreja e sobre o cemitério que ali ficava, um dia um deles se foi e o outro passa a sonhar com a estrela e o irmão sempre que algo triste acontece na família.
É fofo e triste, mas ao mesmo tempo passa uma mensagem de esperança e amor muito grande.

Em Fantasmas de Natal, temos várias micro histórias de fantasmas.
"São incontáveis as casas antigas, com seus corredores ressoantes, sinistros quartos de dormir e alas assombradas fechadas a chave por muitos anos; podemos passear por esses espaços com um agradável calafrio na espinha e encontrar um bom número de fantasmas, mas (e isso talvez seja digno de nota) pode-se reduzir esse número a pouquíssimos tipos e categorias; isso porque fantasmas são pouco originais e “andam” numa trilha batida. Assim é em um certo quarto, num certo casarão antigo, onde suicidou-se com arma de fogo um certo lorde ou baronete ou cavaleiro ou membro da nobreza (todos muito malvados), apresenta no assoalho certas tábuas de onde o sangue simplesmente não sai. Você pode raspar e raspar, como fez o atual dono da casa, ou lixar e lixar, como fez o pai dele, ou esfregar e esfregar com escovão, como fez o avô dele, ou clarear e clarear com ácidos poderosos, como fez o bisavô dele, e ainda assim o sangue continua ali – nem mais escuro, nem mais claro –, nem mais, nem menos –, sempre exatamente a mesma coisa. Assim é que, numa outra casa desse tipo, tem uma porta mal-assombrada que nunca fica aberta; ou uma outra porta que nunca fica fechada; ou o som fantasmagórico de uma roca de fiar, ou a batida de um martelo, ou passos, ou um grito, ou um suspiro, ou o galope de um cavalo, ou uma corrente sendo arrastada. Ou então tem o relógio de uma torre que à meia-noite bate a 13a hora avisando que o chefe da família está por morrer; ou então é uma carruagem preta, imóvel, espectral, que nesta hora sempre é avistada por alguém, estacionada, à espera, perto dos enormes portões do pátio da estrebaria. Ou então é algo como o que aconteceu com lady Mary quando foi passar uns tempos em visita a uma grande casa em região erma das Highlands da Escócia: cansada por causa da longa viagem, retirou-se cedo para o quarto de dormir e, na manhã seguinte, durante o desjejum, comentou com a maior ingenuidade:
– Que estranho, fazer uma festa tão tarde ontem à noite aqui neste lugar tão longe de tudo e não terem me avisado antes de eu ir para a cama!"
Meu segundo favorito, é um bate-papo, e quando você menos espera, um situação macabra é jogada em você, assim como acontece nos micro contos de horror.

Que delicia ler Dickens
No decimo segundo conto, A Noiva do Enforcado, temos dois amigos estão em uma casa muito antiga e sombria, assim que eles entram e logo veem um grupo de idoso muito estranhos próximo a escadaria, a sala onde costumam passar o tempo nuca fica com as portas fechadas, abrindo e fechando logo em seguida misteriosamente, então um deles dá corda em um relojo, e algo estranho acontece, seu amigo parece adormecer instantaneamente e um dos velhos entra na sala, e ele conta a história de ambição e morte da casa.
Outra história que me lembrou Poe.

E finalmente temos Visita para o Sr Testante, onde temos um homem que vivia em um pobre apartamento quase sem mobília, um dia ele foi até o porão mexer na caldeira e reparou em um quartinho cheio de mobília abandonada, ele se apaixonou por uma escrivaninha, pouco tempo depois ele decidiu pegar a escrivaninha 'emprestada', depois foi pegando 'emprestado' outros itens, e assim seguiu a vida, até que um dia alguém bate em sua porta.
Mais um belo conto satírico.

Bom gente, nem vou falar muito porque o post já está imenso, então só vou dizer que valeu muito a pena ler esse livrinho, os contos são bem divertidos e gostosos, consegui ver muito Neil Gaiman em alguns deles, e já quero ler outros livros do autor. Ahhh Beba com moderação (quem ler vai entender XD)

10 comentários:

  1. Que resenha mais incrível! Devorei cada palavra e sim, coloco este livro do Dickens como prioridade para ler!

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  2. Se eu não fosse tão medrosa, com certeza leria!

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  3. Adoro esses contos voltados para terror, sabe? haha
    Logo que li já me interessei pelo conto "O Barão Grogzwig", parece ser uma mistura de terror, com uma pitada de comédia e reflexão sobre determinados assuntos.
    Adorei a dica!!

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  4. Confesso que, não sou grande fã de livros/filmes de terror. Mas conhecia já o trabalho do escritor. Admiro muito quem goste e, aprecie este género :)

    http://tudosoblinhas.blogspot.com

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  5. Não é meu gênero favorito, mas também gosto dele, já li algumas coisas. Parabéns pela sua resenha e seu Blog. Muito bom mesmo. Abraços.

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  6. Amo Terror, em livros; séries ou filmes. Nunca li Dickens, mas imagino que seja um autor de conteúdo interessantíssimo. Parabéns pela resenha e sucesso com o blog! 👏💜

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  7. Adoro histórias de terror e esse livro parece tão interessante! A compilação de contos está muito atraente, várias histórias com mistérios a serem descobertos, com certeza seria uma leitura que eu gostaria muito de fazer :)

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  8. Olá!
    Não conhecia este livro, mas pelo que li, na resenha, os contos são bem interessantes, amo textos divertidos. Vou procurar para ler.
    Abraços

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  9. eu já li Dickens, mas nunca li esse livro em especifico. Sua resenha me deixou super curiosa. Tô amando esse outubro maravilhoso cheio de dicas lindas do meu genero literario favorito. Parabéns pelo post.

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  10. Antes de mais quero dar os parabéns à você pela excelente resenha. Não é fácil fazer uma resenha de contos e manter o leitor colado nas palavras e você conseguiu. Apesar de não ser o tipo de leitura que gosto. Depois de ler sua resenha seria um livro que adoraria ler. Adorei.

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