(Resenha) #30 Alice no País das Maravilhas

Título: Alice no País das Maravilhas
Autor: Lewis Carroll
Gênero: fantasia, comédia, nonsence
Desafio #30 livro que marcou sua infância
Falou em livro de infância, livro que marcou minha vida, ou que me ajudou a me formar com leitora, falou em Alice nos País das Maravilhas, com certeza não foi meu primeiro livro, já tinha lido aqueles livretos de 10 páginas e 3 linhas cada uma, também já lia quadrinhos e livros didáticos. Eu também já era uma garota bem imaginativa, inventava histórias de fantasia, ficção científica e até mesmo terror (vou contar um segredo, eu era uma dessas irmãs mais velhas que contavam histórias para botar medo na irmãzinha XD), então Alice não foi a responsável pelo meu gosto exótico, e provavelmente uma hora ou outra eu ia mergulhar nos livros, mas calhou de ser O Primeiro Livro que eu lembro de ter lido, e foi O Primeiro Livro que peguei em uma biblioteca, por isso ele tem um lugar especial no meu coração.

"Eu adoraria saber quantas milhas caí até agora", ela disse em voz alta. "Eu devo estar chegando em algum lugar perto do centro da Terra. Deixe-me ver. Até aqui eu desci umas 400 milhas, eu acho... (você vê, Alice aprendeu uma porção de coisas na escola e pensou que seria muito boa a oportunidade de colocar para fora seu conhecimento; mesmo não havendo ninguém para  ouvi-la, ainda assim era bom praticar.)

O livro conta a história de Alice que um dia, entediada de ouvir sua irmã ler um livro chato  (afinal um livro sem figuras só pode ser chato XD) começa a devanear sobre margaridas quando vê um coelho branco, beleza um coelho! O Coelho se lamenta dizendo que está muito atrasado, beleza, um coelho que fala, e? Então o coelho tira um relógio do bolso, epa!!! Como assim um coelho com colete e relógio? Alice corre atrás do coelho entra na toca e cai em um buraco, ela cai, cai, cai e cai mais um pouco até aterrissar suavemente em um monte de folhas, ela vê o coelho em um túnel e o segue chegando em uma sala com várias portas pechadas, a partir daí passamos a acompanhar a loucura que se tornou o dia de Alice.

 Em um único dia ela se tornou gigante, minúscula, nadou em um lago feito por suas próprias lágrimas, conheceu um bando de animais falantes, uma duquesa muito feia, uma corte de baralhos com uma Rainha que não pode ver uma cabeça em cima de um pescoço, um gato que aparece e desaparece, joga um jogo maluco, passeia de grifo e participa de um julgamento, não necessariamente nessa ordem.

"Bichano de Cheshire", começou muito tímida, pois não estaria nada certa de que esse nome iria agradá-lo; mas ele só abriu um pouco mais o sorriso. "Bom, até agora ele está satisfeito", pensou e continuou: "Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?"
"Depende bastante para onde quer ir", respondeu o Gato.
"Não me importa para onde" disse Alice.
"Então não importa que caminho tome", disse o Gato.

As vezes eu me peguntava de onde autores como Neal Gaiman ou Douglas Adams tiravam tanta aleatoriedade, relendo Lewis Carrol eu acho que deve ser da água que eles bebem por lá, se bem que uma cultura rica e antiga pode ajudar bastante, ou eles são simplesmente tocados pelas fadas, sei lá.

É uma pena que nossas mente andam tão linear ultimamente, tão quadradinha, que as pessoas tem muita dificuldade de mergulhar em uma grande fantasia, de aceitar o absurdo em nossas vidas, tudo tem que ser perfeito e ordenado, acho que humano é um grande organismo com TOC, ainda bem que existe gente que de vez em quando quebra o padrão criando coisas como Alice no País das Maravilhas.

"Concordo plenamente com você" disse a duquesa; "e a moral disso é 'Seja o que você parece ser'... ou, trocando em miúdos, 'Nunca imagine que você mesma não é outra coisa senão o que poderia parecer a outros do que o que você tivesse sido não fosse ou poderia ter sido não fosse senão o que você tivesse sido teria parecido a eles ser de outra maneira'."
"Acho que entenderia isso melhor", disse Alice, muito polidamente, "se o visse por escrito; assim ouvindo, não consigo acompanhar muito bem"

É claro que amei o livro novamente, me deixei mergulhar se questionar, as vezes me perdi, daí eu falava para mim "Não racionalize" e pronto, como eu ri com o diálogo com a Duquesa, gente! Alice acabou ganhando muito status especialmente depois de Matrix, todo mundo tenta encontra sentidos escondidos atrás de tanta zoeira, mais gente as crianças são assim, (ou eram sei-lá) seus carrinhos voam, suas armas dão tiros de gosma, não tem nada demais nisso.

Tem críticas no livros? Eu acho que sim, que ele deve ter alfinetado a nobreza, a igreja e a sociedade inglesa, isso é meio que regra ao escrever, mas não acho que tenha sentidos metafísicos, psicológicos ou conspiratórios como algumas pessoas acham.

Para falar a verdade eu vejo justamente a Verdade em algumas passagens, quantas vezes nos pegamos em várias discussões sobre o Nada? Quantas vezes discutimos sem perceber que as duas pessoas estão concordando sobre o assunto em questão? E a fúria decapitante, "sou contra o partido, produto, o que quer que seja" e as redes sociais e politicamente corretos gritam em uníssono "CORTEM-LHE A CABEÇA"

O Coelho branco pôs os óculos. "Por onde devo começar, por favos, Majestade? perguntou.
"Comece pelo começo," disse o Rei gravemente, "e prossiga até chegar ao fim; então pare."

Indico para todos, especialmente para os mais jovens, também indico para que quer rir muito com situações insólitas, mas leiam sem racionalizar, vocês vão se divertir e viajar muito.