(HQ) A Vida Oculta de Fernando Pessoa - Entrevista

Vamos falar de quadrinhos?

Para inaugurar essa nova sessão tenho imenso orgulho de apresentar o projeto A vida Oculta de Fernando Pessoa, uma obra do escritor André Morgado e do artista Alexandre Leoni.

Para quem não conhece o escritor Fernando Pessoa, ele escrevia seus textos sob diversos heterônimos, todos esses heterônimos  tinham um estilo e ideais próprios, como se fossem praticamente pessoas de verdade, mas e se realmente fossem? Talvez alguma persona incorporada? Nesse cenário de fantasia e sobrenatural o grande objetivo dessa HQ é fazer com que mais pessoas conheçam as obras desse grande escritor português.

Tive a oportunidade de entrevistar o Alexandre Leoni e o André Morgado que contaram um pouquinho pra gente sobre como foi fazer essa Graphic Novel.

Poyozo: O que os admiradores do Fernando Pessoa podem esperar dessa HQ?

André: Podem esperar uma visão fantasiada sobre a origem dos seus principais heterônimos, com recurso a dados históricos reais que, articulados com a ficção, procuram dar a conhecer um pouco mais sobre Fernando Pessoa. 

Poyozo: Como pesquisa para poder desenhar essa história, chegou a ler livros do autor, qual obra mais gostou?

André: Já sou seu admirador há muitos anos e desde sempre adorei a poesia de Alberto Caeiro. Mas a “Mensagem” e o “Livro do Desassossego” são enormes marcos também.

Leoni: Da minha parte eu me preocupei mais em pesquisar o visual da época, fotografias do Fernando Pessoa e dos lugares onde esteve, para ambientar a história da melhor maneira possível.

Poyozo: Sobre a vida do poeta teve algum fato que te marcou, alguma curiosidade dele que de certa forma influenciou na sua arte?

André: Na escrita do roteiro, as diferentes relações que ele tinha com as emoções, nomeadamente a intelectualização dos sentimentos, influenciou bastante a forma de escrever e a própria solidão que Pessoa sentiu muitas vezes foi importante para a minha forma de pensar na história.

Leoni: Acho que a vida dele como um todo ser misteriosa é algo que influenciou na arte. Tentei representar o Fernando Pessoa como alguém reservado, que não dá muitas pistas sobre seus sentimentos, exceto quando escreve.

Poyozo: Como você avalia a recepção do público, imaginava que teria tantos apoiadores?

André: Da minha parte, e bem ao jeito do fado português, sou um pouco pessimista e nunca pensei que existissem tantas pessoas interessas e a apoiar o projeto. Ainda hoje acho isso bem surreal.

Leoni: Mesmo sabendo que o mercado de quadrinhos no Brasil tem se desenvolvido e como projetos independentes tem chamado atenção, não imaginei que mais de 400 pessoas estariam dispostas a nos apoiar nesse início, ainda mais considerando que estamos fazendo mistério quanto ao conteúdo da HQ.

Poyozo: Nós aqui do blog estamos participando de um desafio literário, e gostaríamos de saber se está lendo algum livro no momento e se nós te desafiássemos a ler um livro qual você escolheria?

André: Neste momento estou a ler A Queda dos Gigantes, de Ken Follet. É o primeiro livro de uma trilogia que retrata a realidade da I Guerra Mundial, acompanhando cinco famílias europeias de diferentes raízes sociais, econômicas e políticas. É interessante para quem procura não deixar cair no esquecimento como se moveu o mundo nesta época.

Leoni: Eu no momento não tenho feito nada a não ser desenhar páginas da nossa HQ, hahaha. Espero que o resultado fique a altura da expectativa dos apoiadores.

Gostaríamos de agradecer muito pela gentileza em responder nossas perguntas. Desejamos muito sucesso e parabéns pelo trabalho que com certeza será incrível!

E para quem não conhece o Alexandre Leoni também tem um canal no Youtube o Bate-Papo Ilustrado onde entrevista vários ilustradores e artistas.

"A morte chega cedo, Pois breve é toda vida O instante é o arremedo De uma coisa perdida. 

O amor foi começado, 
O ideal não acabou, 
E quem tenha alcançado 
Não sabe o que alcançou. 

E tudo isto a morte Risca por não estar certo No caderno da sorte Que Deus deixou aberto. "

"Hoje, ao tomar de vez a decisão de ser Eu, de viver à altura do meu mister, e, por isso, de desprezar a ideia do reclame, e plebeia sociabilizacão de mim, do Interseccionismo, reentrei de vez, de volta da minha viagem de impressões pelos outros, na posse plena do meu Génio e na divina consciência da minha Missão. Hoje só me quero tal qual meu carácter nato quer que eu seja; e meu Génio, com ele nascido, me impõe que eu não deixe de ser.
Atitude por atitude, melhor a mais nobre, a mais alta e a mais calma. Pose por pose, a pose de ser o que sou.
Nada de desafios à plebe, nada de girândolas para o riso ou a raiva dos inferiores. A superioridade não se mascara de palhaço; é de renúncia e de silêncio que se veste.
O último rasto de influência dos outros no meu carácter cessou com isto. Reconheci — ao sentir que podia e ia dominar o desejo intenso e infantil de « lançar o Interseccionismo» — a tranquila posse de mim.
Um raio hoje deslumbrou-me de lucidez. Nasci. "

 -Fernando Pessoa 

Isso aí galera deixem aqui seus cometários.

E quem puder apoiar esse projeto ainda dá tempo!