segunda-feira, agosto 7

(Resenha) #38 Stonehenge

Título: Stonehenge
Autor: Bernard Cornwell
Gênero: Drama, guerra, 
Desafio #37 livro com um autor que nunca tenha lido

Sempre quis ler algo do autor, o problema é que seus livros são partes de trilogias ou séries imensas e eu estou dando um tempo nas séries, mas o desafio me fez fuçar entre suas obras um que fosse uma obra única, e gente! Preciso ler mais Bernard Cornwell.
Mas, naquele dia, os deuses mandaram uma tempestade. Foi uma grande tempestade, uma tempestade que seria lembrada, mas as pessoas não deram o nome daquela tempestade ao ano. Em vez disso, o chamaram de O Ano em que o Estranho Chegou.

O livro começa nos apresentando dois irmão antagônicos. Lengar, o mais velho, guerreiro, brutal, belicoso e Saban, o mais novo, inteligente, justo e muito empático. Lengar foi obrigado pelo pai a levar o irmão caçula para um treinamento na floresta para que este pudesse aprender coisas valiosas para passar no teste de maioridade da tribo, Lengar, lógico, só queira judiar do irmão,  mas ao voltar para a aldeia eles se deparam com um estrangeiro em suas terras indo em direção ao Templo Antigo, Lengar não pensou duas vezes ao matar o estranho descobrindo com ele uma grande tesouro em forma de losangos de ouro, Lengar cobiçou o tesouro para si, mas se o irmão contasse ao pai sobre o tesouro Lengar teria que dá-lo ao pai e novamente Lengar não pensa duas vezes, mas Saban tem a mesma ideia e consegue fujir a tempo, e Lengar teve que entregar seu tesouro, e a relação dos irmãos, que já não era boa, só piorou.

Mais tarde a tribo de onde o tesouro foi roubado, foi até a aldeia dos irmãos, Ratharryn, com presentes ainda mais valiosos que o tesouro, com o intuito de recuperar os losangos que eram as jóias da Esposa do Sol, e eles precisam deles para aplacar os deuses, mas Hengar, o pai dos irmãos e chefe da tribo, recusa os presentes e diz que se o ouro chegou até eles era porque os deuses assim o queriam, então os forasteiros tiveram que ir embora de mãos abanando. Será que um tesouro roubado dos deuses vai trazer boa sorte?
Hengall fora herói da juventude, mas agora era cauteloso, Galeth não tinha ambição e Saban ainda não era homem - nem sabia se passaria nas provas. Mas seria um herói se pudesse, porque sem sem um herói não antevia nada alem de sofrimento para seu povo. Ele seria simplesmente engolido.
Mais tarde outros dois personagens muito importantes para a trama tomam seus postos: Camaban, irmão do meio de Saban, ele era um pária rejeitado por ser aleijado, mas ele é muito inteligente e um estrategista nato, vivendo na solidão das áreas selvagens ele aprendeu a feitiçaria e o poder das crenças, e após vários acontecimentos brutais ele consegue angariar a todos para segui-lo em seu sonho, construindo um dos monumentos mais misteriosos que temos em nosso planetinha o Stonehenge. A outra personagem é Derrewin de Cathallo, uma aldeia próxima de Ratharryn, a garota e Saban se casariam para selar a paz entre as duas aldeias, mas no dia do casamento um terrível ataque acontece, Saban é vendido como escravo e a garota é violada pelos vencedores, mas a moça consegue fujir se tornando também uma feiticeira, fria, terrível e amarga, jurando vingança a quem fez aquilo, Lengar!
Camaban ouvia tudo isso e fazia perguntas, mas guardava suas opiniões para si mesmo. Vivera para aprender, não para discutir, e Sannas tinha muito a ensinar.
O livro é cru e brutal, as guerras são sangrentas, os ritos são sangrentos, tudo é bem violento, e o
Durrington Wall, essa seria a real cidade de nossos heróis,
Ratharryn, mas hoje ela seria apenas uma macha no chão.
autor não nos poupa nem dos Lugares da Morte, onde os corpos dos que se foram eram deixados ao relento para que os animais e a natureza fazerem o serviço e depois dos corpos se decomporem ele recolhiam os osso, é tudo muito sujo, e visceral, então se você espera garotas lindas, altas, limpas vestida de branco com coroas floridas dançando em círculos enquanto as pedras se levantam magicamente para formar o monumento, melhor procurar outro livro, aqui nossas tribos são mais próximas dos registros arqueológicos, e muita gente morreu para que a obra fosse concluída.

Uma das coisas mais interessantes do livro é notar como lideres religiosos e feiticeiros tinham um papel muito importante nas primeira civilizações sendo a 'magia'  a habilidade de manipular as pessoas através de mistificações e superstições, usando as palavras para causar medo ou adoração a quem ouve, usando o poder de observação para prever reações das pessoas próximas, ou poderes cíclicos da natureza o Feiticeiro pode prever muitas coisa, e uma retórica confiante e inflamada pode influenciar pessoas fazendo-as (ou influenciando-as) acreditar em coisas que o Feiticeiro quer que elas acreditem. (Na verdade isso é utilizado até hoje por Lideres Populistas).
- Nós precisamos de sacerdotes. Precisamos de pessoas que possam traduzir os deuses para nós, mas por que escolhemos nossos sacerdotes entre os mais fracos?(...)
Avebury é um sitio incrível, e é a cidade inimiga, será
mesmo inimiga?
Gostei demais das caracterizações dos personagens, os feiticeiros são medonhos com seus corpos extremamente magros, pintados de branco com adereços feitos de osso humanos, os guerreiros são enormes com suas cicatrizes e tatuagens matança. Os locais onde passam a ação também são muito bem descritos e vividos sem serem cansativos. O único porém é a parte final do livro onde o foco é mais no transporte e na elevação das pedras, que acaba sendo um tanto repetitivo, já que fica basicamente mais lento e podemos resumir em Camaban pedindo para acabar logo a construção e Saban dizendo que não tem como, mas mesmo assim passei rápido por essa parte por que estava tão curiosa para saber como ia terminar essa história e se haveria justiça nisso tudo que devorei as páginas.

Por fim meu destaque vai todo para Saban, alguns podem se irritar um pouco com ele por sua passividade, mas ela é justificada, ele é um homem do seu tempo, mas ao mesmo tempo ele também é um homem a frente do seu tempo, ele teve seus sonhos destruídos e ele tem seus desejos de vingança, mas ele sabe que não tem nada a fazer, e seu espírito pacífico o fazia querer apenas ser um construtor longe das guerras, mas foi arrastado para o meio dos sonhos dos outros, mas ele manteve sua dignidade da melhor forma, tentando entender e se compadecer dos outros sempre procurando o melhor para o povo (aliás eu sou mais ou menos como ele, mas acho que em certa passagem até eu já tinha perdido a estribeira XD). Eu amo o Saban 💗
Esta é a teoria usada pelo autor para o levantamento das pedras, e tem pela internet a forma usada para por a pedra de cima

Sempre disse por aqui e em outros blogs que visito, que adoro livros com um contexto histórico, na maioria das vezes os livros só utilizam o contexto mesmo, tendo uma história fictícia em cima dela, aqui o autor usou as pesquisas mais aceitas sobre o que pode ter acontecido lá, naquela longinquá época, mas ele faz questão de dizer (em um apêndice muito bom no final do livro) que provavelmente nunca saberemos, já que aquele povo não tinha uma tradição escrita, mas mesmo assim, eu com minha curiosidade fui atras das cidades e monumentos citados, dei até um passeio pelo Google Earth por aquela região que é linda.
- A maioria das pessoas está errada - disse Camaban - O mundo está apinhado de idiotas, motivo pelo qual devemos muda-lo (...)
Mesmo amando o livro tenho que reconhecer que não é para todo mundo, indico para quem gosta de livros de guerra, com cenas violentas, discussões sobre religião, com visões sobre o homem Neolítico, ou que tenha muita curiosidade sobre os monumentos e querem conhecer uma das hipóteses de como e por que ele foi feito, já que certeza provavelmente nunca teremos.


13 comentários:

  1. Adorei a resenha, ficou ótima e bem detalhada, eu nunca havia visto nada do autor. Mas não sei se leria este livro parece bem sangrento rs.

    Beijos

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  2. Adorei a resenha, acho que compartilhamos opiniões parecidas sobre essa história. Tem um outro livro do Cornwell que não é série que se chama 1356, meu pai leu e amou, mas eu ainda não consegui colocar ele na minha lista de leitura (;/).

    "...o a 'magia' a habilidade de manipular as pessoas através de mistificações e superstições, usando as palavras para causar medo ou adoração a quem ouve, usando o poder de observação para prever reações das pessoas próximas..." Tipo simplesmente eu vi muito isso na história.

    Tem também uma frase do pai do Saban que eu gosto muito
    "[…] ser chefe não significa que possa fazer o que quer. As pessoas não sabem disso. Elas querem heróis, mas os heróis fazem com que seu povo seja morto. Os melhores chefes sabem disso. Sabem que não podem transformar a noite no dia. Eu só posso fazer o que é possível, nada mais" (obs: coloquei ela na minha resenha do Clube do Livro)

    em fim eu queria também te indicar um livro que eu gostei muito que tem esse ponto forte de Romance Histórico bem pesquisado. É "O livro perdido das Bruxas de Salem", eu escrevi resenha dele lá no Blog do CL tbm. Mas eu bem me apaixonei pela autora ela é professora em uma faculdade dos Estados Unidos e ela pesquisa esse período do massacre de Salem em 1692.

    Em fim, já é a segunda vez que minhas escolhas de livros batem com a de vocês, rss fico feliz porque vocês são grandes leitoras e escrevem muito muito bem!

    Abraços

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  3. Nossa, gostei demais da resenha. Enquanto a lia, pensava: preciso ler esse livro. E com o parágrafo final, sobretudo a partir do "discussões sobre religião, com visões sobre o homem Neolítico", vi que é o tipo de livro que me interessa -- e muito!!!
    Beijos!
    https://teofilotostes.wordpress.com/

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  4. Fiquei super interessada pela temática pq estou numa fase super Outlander e Stonehenge me lembra a fictícia Craigh na Dun da série da Diana Gabaldon...
    Só não sou mto fã de nada mto sanguinolento =[
    Mas parece ser uma excelente leitura...

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  5. Confesso que pensei nas belas fotografias que a região descrita é capaz de proporcionar.

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  6. Sua resenha está ótima! Bem completa!
    Eu adoro livros que pegam um contexto histórico e contam sua história em cima daquilo, mas misturando ficção com realidade sabe? Quando é tudo fictício eu acho chato hahaha
    Esse livro tem uma proposta muito interessante mas não sei se leria, talvez eu acabe lendo mas não sei. De qualquer forma, sua resenha tá 10!

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  7. Olá, tudo bem? SOCORRRO JÁ QUERO! Também estava com enormes vontades de ler algo do autor, mas suas séries intermináveis me faziam ter pé atrás. Gostei da sua resenha, e ela me deixou com gosto de mais. Já quero ler <3 Ótima resenha!
    Beijos,
    diariasleituras.blogspot.com.br

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  8. Que post mais bonito, gostei de como cê colocou as fotos. Além do mais, quero muito saber como o escritor desenvolve essas cenas mais sangrentas.

    Adorei o blog.

    Beijos <3

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  9. Também sou louca pra ler algo do Bernard, e ainda não o fiz pelo mesmo motivo que você. Gostei de saber que esse livro é único, a premissa me atraiu e acho que vou começar por ele mesmo não tendo gostado muito da parte sangrenta da história.
    Beijos

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  10. Eu amei esse post, muito bem escrito, com vários detalhes /uma coisa que eu amo/ e organizado de uma forma muito boa. Adoro quando a pessoa usa imagens que remetam a história ao invés de ser apenas do livro.
    Enfim, gostei muito do enredo, achei super interessante e assim com você, também não conhecia o autor.
    Parabéns!

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  11. Só escuto elogios aos trabalhos do autor, mas confesso que apesar de gostar de enredos com fundo histórico não curto muito essa parte sangrenta de batalhas etc. Mas foi muito interessante ler seu texto e perceber o quão rico é o texto. Informações interssante e que nos fazem pensar sobre vários assuntos, beijos. Valeu pela dica!!!

    Leituras, vida e paixões!!!

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  12. O livro não faz muito meu estilo de leitura, mas eu achei sua resenha o máximo, bem detalhada e realmente nos instiga a querer ler, até mesmo quando não é uma leitura comum para o leitor...

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  13. Esse cara é incrível!!!
    Recomendo as Crônicas Saxônicas mas, como vc está dando tempo de série - e essa tem 10 livros, hahaha - assista a série The Last Kingdom que é incrível e baseada nos livros (tem na Netflix).
    Ainda não li esse livro e fiquei mto interessada. Eu amo esse contexto sangrento da humanidade - pode parecer meio bizarro dizer isso, haha -, pois leituras viscerais me prendem pra caramba.
    Curti mto o post, super bem detalhado e bem escrito! Parabéns pela resenha incrível!
    Bjocas,


    umdiamelivroblog.wordpress.com

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