(Resenha) #40 Vida Pregressa

Título: Vida Pregressa
Autor: Joaquim Nogueira
Gênero: Policial 
Desafio #40 livro que se passa em sua cidade natal

Confesso que foi um pouco difícil encontrar um livro que se passa em minha cidade natal, e olha que nasci em Sampa, o problema que vi é que muitas vezes as cidades e locais onde o livro se passa não são citados, mas achei sim alguns e tinha uma ideia de qual livro ler, até que...!

Em uma feira de livros em um dos shopping da cidade onde moro atualmente me deparei com essa capa, uma das imagens de minha cidade natal que mais se fixa em minha mente e ele me chamou, sim comprei o livro pela capa, mas a sinopse Policial me ganhou de vez, mas será que a leitura foi boa?

Posso, mas vai levar um tempo, porque o sistema saiu do ar. Quando voltar, faço a pesquisa e te telefono

No livro conhecemos Venício, um policial civil, ele está levando a namorada ao motel, mas o clima entre eles não está legal, e a única coisa boa que aconteceu no encontro foi Venício ter conhecido o simpático dono do estabelecimento Anatole France Castanheira, só que não.

Poucos dias depois Anatole morre na prisão, Venício fica intrigado se não é o mesmo Anatole do motel, afinal com esse nome, e vai até lá conseguindo assim o endereço do moço e sua namorada, os dois vão reconhecer o corpo e descobrem que não são a mesma pessoa, e agora o que teria acontecido com o verdadeiro Anatole?

Mas não é só isso, depois que Venício começa investigar o desaparecimento do dono do motel para a namorada do moço, o policial descobre uma rede de intrigas envolvendo a morte de um Vereador, será que os casos estão interligados? Quem são os caras que tentam matar Venício? Será que esse tal Anatole é mais do que parece?

Falar em DEIC tinha sido uma mancada, uma dessas ratas que dou de vez em quando. Queria ser um tira perfeito, só fazer as perguntas adequadas, dar informações seguras, não comprometedoras, com fazem os mocinhos do cinema, das revistas e dos pocket-books, mas não consigo. Se Marilúcia conhece bem a vida do filho e ele não tivesse trabalhado no DEIC, eu poderia ser desmascarado e ter de improvisar uma saída de emergência.

Gente como disse não esperava tanta coisa do livro já que peguei ele pela capa e para passar umas horinhas divertidas com um livro policial, e me surpreendi com a escrita do autor, (que era um completo desconhecido para mim) ele tem um jeito tão espontâneo e verdadeiro de escrever te fazendo viajar entre as ruas e os bairros da região norte de São Paulo como o Horto Florestal onde fica o batalhão onde Venício é lotado no Plantão, com descrições vividas sem ser entediantes no melhor estilo Noir.

É uma delicia acompanhar Venício em suas andanças pela cidade, a forma com que ele interage com as outras pessoas tanto em serviço, quanto com os amigos, me passou muita veracidade, e os perigos que ele passa me fez temer por sua vida, mesmo sabendo que era ele o narrador de sua própria história, e esse temor me fez devorar o livro, quando via já tinha passado em muito a hora de dormir, mas eu precisava saber as respostas. O livro me envolveu tanto que acabei até shipando um casal, e olha que isso nunca tinha acontecido comigo antes XD

O Garçom se aproximou a passos largos, botou as duas mãos sobre o balcão de alumínio e ficou me encarando , amável e simpático como um lutador de boxe diante do oponente no ringue. (...) 

As passagens mais divertidas são justamente as que acontecem no ambiente que quase um 'cartão postal' da cidade,  os restaurantes de pf (prato feito), era cada biboca que só por Deus mesmo, tem um local que na hora que ele descreveu me vei na hora lembranças, aquelas casinhas com portão baixo, é uma coisa meio de memória afetiva sabe, parece que fora dos bairros luxuosos é tudo bem igual em qualquer bairro. A título de curiosidade eu vivi em Pirituba.

Talvez só uma coisa pode desagradar um pouco para algumas pessoas, como o livro tem uma pegada mais realista, não espere um final mirabolante, com explicações mega elaboradas para te explicar algo que o livro não tinha te contado até agora, para você sair do livro com aquela cara de wow nunca pensaria nisso. No meu caso eu fiquei também um pouco perdida no tempo, parece que o Venício anda demais pela cidade em pouco tempo, mas isso se reflete na minha própria ignorância no assunto, eu sou completamente distraída no trânsito (ainda bem que não dirijo) então para mim parece que levaria mais tempo.

Tem puta por aí que é mais direita que senador da República.
Isso não quer dizer nada. Mais honesto que senador qualquer um pode ser. (...)

Sobre o autor, gostei muito de conhecê-lo, sei que ele tem mais dois livros no mesmo estilo, e achei bem bacana porque de certo modo existe ago dele no Venício, os dois são formados de direito, o autor também foi policial civil, e depois delegado, então por isso podemos ver um pouco mais dos 'detetives' como eles são, e não aqueles seres mágicos o com ares de super-heróis. Ahh mas é claro que o livro é uma ficção então teremos sim umas forçadinhas de barra, se não a história ia ficar muito chata né ;)

Indico muito o livro para todos que gostam de um bom livro policial, com toques de noir, muita ação, e para conhecer um pouco mais da enorme cidade de São Paulo!