(HQ) Kobane Calling

Título: Kobane Calling,
ou como fui parar no meio da guerra na Síria
Autor: Zerocalcare
Gênero: Autobiografia, humor, drama

Viajando como enviado de um jornal italiano, o quadrinista Zerocalcare atravessa os confins da Turquia, do Iraque e do Curdistão Sírio para chegar à cidade de Kobani ao encontro do exército de mulheres curdas, que luta contra o avanço do Estado Islâmico. A partir dessa viagem, Zerocalcare produz uma reportagem de sinceridade pungente, um testemunho indispensável e perturbador que transmite a complexidade e as contradições de uma guerra muitas vezes simplificada pela mídia internacional e pelos discursos políticos. Tudo isso com um tom inimitável, extremamente bem-humorado e ao mesmo tempo tocante – a linguagem e o universo de um autor que sabe como ninguém representar as pessoas, o cotidiano, os medos e as aspirações de sua geração. Blogueiro e autor de quadrinhos com viés autobiográfico, Zerocalcare é um fenômeno editorial de um sucesso sem precedentes na história dos quadrinhos italianos, pronto para conquistar o mundo.

Essa foi uma das leituras mais divertidas desse ano, e pensar que uma história sobre um relato real do autor sobre a sua experiência no meio da Guerra da Síria poderia ser tão engraçado.

Sim, sim, Zerocalcare (Michele Rech) ilustrou sua viagem da Itália até as cidades do Curdistão Sírio (Rojava). Ele e alguns amigos se oferecem para levar medicamentos e levar alguns equipamentos para os Curdos. Na sua primeira viagem ele vai até a cidade de Mehser na Turquia, pertinho da cidade de Kobani fronteira com a Síria, na época, 2014, Kobani estava rodeada pelo Estado Islâmico. Em janeiro de 2015, enfim a cidade expulsa os EI e vira uma referência pela sua resistência.

Nesse mesmo ano Zerocalcare, retorna a sua viagem, mas agora ele vai realmente para Rojava e visita a cidade fantasma de Kobani.

Talvez vocês se lembrem mais da cidade de Alepo, ela também faz parte do Curdistão Sírio. No final de 2016 inúmeros bombardeios destruíram a cidade...

Confesso que é muito difícil entender essa guerra toda no Oriente Médio e a HQ também não é muito didática, mas pude compreender um pouquinho e conhecer alguns nomes de organizações e pelo que elas lutam. O que, pra mim, realmente foi incrível é a habilidade do autor em narrar e a sensibilidade como conduz os personagens. Tem um trecho onde ele fala que gostaria de ver algum integrante do EI no cotidiano, e então ela descreve uma conversa imaginária muito divertida e saudosa!

É uma leitura um pouco difícil pelo tema e a diagramação é um pouco confusa, mas vale muito a pena, principalmente para conhecer as mulheres da YPG.