(Série de Séries) True Detective

Olá amados ^^

Hoje em mais um post de Série de séries vamos falar um pouco de True Detective, uma das séries mais cabeça que já assisti.
A série de Nic Pizzolato traz uma história nova a cada temporada, cujo ponto em comum é uma investigação policial onde o desenvolvimento psicológico dos personagens é o foco principal.
O nome da série faz referencia à uma revista dos anos vinte chamada True Detectives que publicava Pulp Fictions (revistas baratas que substituíram os folhetins no inicio de 1900, publicavam geralmente Noir, mas também Fantasias e Ficção científica)

A Primeira temporada conta a história dos detetives Rust Cohle (Matthew McConaughey) e Martin Hart (Woody Harrelson) que a 17 anos atrás se envolveram na investigação da morte de uma garota
no Lousiania, e agora o caso é reaberto e os detetives são chamados para prestar depoimento. A história revesa em três linhas de tempo: 1995, 2002 e 2012, que contam respectivamente a investigação original, a investigação solo do Rust que não aceitou o desfecho da investigação original, e os depoimentos dados no tempo atual,( pode parecer um puco confuso, mas as linhas de tempos estão bem delimitadas pela caracterização dos personagens, especialmente o Rust que passa por uma degradação física notável.

Rust 1995 e em 2012

Na primeira temporada a fotografia dá um show, nos faz ficar procurando pistas do 'culto maligno matador de crianças e garotas' (humm será que ele existe mesmo?), todo aquele ar esfumaçado dos noir, as paisagens vastas que contrasta com um complexo petroquímico, ou algo do gênero. Os diálogos são muito bons e aqui que conhecemos os personagens de perto, o pessimismo exacerbado de Rust, o machismo cretino de Martin e como a personalidade dos dois vão se desenvolvendo ao longo da trama é lindo.

 Toda a sua vida, todo o seu amor, todo o seu ódio, toda a sua memória, toda a sua dor. Era tudo a mesma coisa. Era tudo o mesmo sonho. Um sonho que você teve dentro de uma sala trancada. O sonho de ser uma pessoa.  --- Rust Cohle

Uma coisa que gostei muito é a ligação que a coisa toda tem com o "Rei Amarelo" e "Carcosa". Para quem não sabe King in Yellow é um livro escrito por Robert W Chamber que possui quatro contos, o título faz alusão a uma peça teatral cujo horror trespassa as páginas, não se fala muito da peça nos contos, a única coisa que se sabe é que quem a assisti ou lê-la tem a alma condenada a loucura. É bem o que vai acontecendo com Rust a medida que se aprofunda cada vez mais nos mistérios que o caso guarda, quase como os investigadores das obras de H.P. Lovecraft que apesar dos horrores inimagináveis que enfrenta sempre continua em frente, mesmo com a incredulidade de seus interlocutores. Lovecraft cita elementos de King in Yellow no conto Um Sussurro nas Trevas fazendo o livro entrar para os cânones do Mithos de Cuthulu.

A Segunda Temporada é focada é três detetives e um criminoso, aqui temos Ray Velcoro (Collin Farrell) um policial corrupto e extremamente violento, Ani Bezzerides (Rachel McAdams) uma policial forte com atitude e obcecada com o dever, Paul Woodrugh (Taylor Kitsch) um veterano da guerra cujo maior prazer é andar de moto sem capacete na maior velocidade possível e Frank Semyon (Vince Vaughn) um mafioso. 

Frank, Velcoro, Bezzerides, Woodrugh

Assim como na primeira temporada um assassinato faz o caminho de todos os personagens se cruzarem de alguma forma, uma força tarefa é formada para investigar o assassinato, e Frank que tem relações de negócios com Velcoro quer saber que matou Ben Caspere levando com ele toda a grana que Frank tinha investido. Assim começa o desfile de personalidades desajustadas que procuram desvendar o mistério que ronda a cidade de Vinci, e um passado sombrio volta ao presente.

Não é que não gostei desta temporada, mas a primeira é bem melhor, eu credito isto a expectativa formada na primeira, que além do drama policial e psicológico tínhamos uma uma aura sobrenatural quase palpável estendendo seus tentáculos tentando atingir nossa realidade, já aqui não teve (eu acho que eles perderam a oportunidade por que tinha um gancho para isso acontecer nesta temporada que acabou se transformando em outra coisa), outra coisa foi a quantidade de personagens principais, com isso veio aquele dilema: desenvolver o psicológico dos protagonistas ou a trama, mas para resolver essa questão a série teria que ter mais episódios e não só os 8 programados.

Mas a série é boa, com ótimas cenas de tiroteio, os diálogos estão bem desenvolvidos, o clima opressivo de complexos industriais, entroncamentos rodoviários de um mundo que está perdendo o verde, a corrupção a busca de poder sob qualquer coisa, será essa a Natureza Humana? Dá para tirar muito dessa temporada, se você não esperar algo do naipe da primeira.

Agora vou abrir um parêntese para falar das Aberturas que são lindas, poucas séries tem aberturas que casam tão como essa série, onde silhuetas dos personagens passam pela tela revelando paisagens e trechos da trama que podem ou não ser importante.

             A abertura da primeira temporada música Far From Any Road por The Handsome Family

                    A Abertura da segunda temporada música Nevermind por Leonard Cohen