(Resenha) #6 As Esganadas

As Esganadas

Jô Soares

Humor, Suspense Policial, Terror 

Editora: Companhia das Letras

Esse foi meu primeiro livro do Jô e o primeiro que escolhi deliberadamente esperando que fosse engraçado, será que eu acertei ao escolher um, só porque o autor é um humorista?

"Mal é ter os olhos maiores que a barriga" - Proverbio Português

Mas primeiro o livro: No Rio da década de 1930 um serial killer tem como marca registrada matar gordas com comida, os assassinatos são destaque nas rádios o que deixa o delegado Melo-Noronha e seu ajudante Calixto de cabelo em pé (minto Calixto não está nem aí, e o que irrita Noronha é o seu chefe) e acabam aceitando a ajuda de Tobias Esteves, um ex-investigador português que depois de se envolver em uma trapalhada na sua terra teve que sair da polícia, então ele veio ao Brasil onde é dono de padaria (tcharans).

Como se diz em Portugal: por mais que faças e por mais rico que sejas, a quantidade de pessoas que irão ao teu funeral vai depender do tempo que estiver fazendo.

Tudo leva a crer que teremos que descobrir quem é o assassino, não é? Não, não é, o assassino é apresentado logo nos primeiros parágrafos, o suspense aqui está no como e quando o assassino atacara novamente e de que forma ele será pego.

Gostei bastante do livro, e sim teve uns trechos que me fizeram rir (aeeeee \o/), não ligo muito de saber 'antes da hora' quem é o assassino, vários seriados que acompanhei já usaram deste recurso, então para mim não foi problema. Adorei o contexto histórico, aliás foi o que mais me fez agarrar no livro, as passagens da distinta rádio eram engraçadíssimas com seus reclames fora de propósito. As passagens em que se revesava coisas como jogos de futebol ou qualquer outra coisa, com as ações do assassino, irritou muitas pessoas que leram o livro, mas para mim foram as passagens mais interessantes, fazendo o nível de tensão elevar do que se fosse só uma descrição ininterrupta do ato, além de mostrar que enquanto você está lá no seu lazer um assassino pode estar atacando uma gorda na casa ao lado.

A obesidade é democrática, não faz diferença de classe. Há gordas ricas e gordas pobres. Todas sentem a mesma reprovação silenciosa. Existem gordas belas, mas, se a beleza é notada,há sempre um apêndice ao comentário: "O rosto é lindo. Pena que seja gorda".

Os personagens são muito bem destintos, cada um com seus cacoetes, bem a cara do Jô que é um conhecido criador de Tipos, o personagem que o autor mais se dedicou foi o assassino, explorando seu psicológico, físico, formação e motivação. Mas todos os personagens tem sua atenção: Melo Noronha é ranzinza  cheio do maias, Calixto é preguiçoso, conhece o pessoal da malandragem, mas é bem ingênuo quanto as palavras, Tobias é um Sherlock mais espirituoso, cheio das citações e das teorias, e temos também a repórter Diana uma mulher forte e a frente de seu tempo, decidida ela já cobriu a Guerra Espanhola e não tem medo de coisas feias

A leitura apesar das palavas 'de época' usadas como distinta, gaudio, infausta é bem rápida e fluída. As coisas vão acontecendo tão depressa que não conseguia largar o livro com vontade de saber o que vinha a seguir e, a pesar do tema um tanto pesado, o livro é bem despretensioso, tipo uma sátira/homenagem ao cinema dos anos 60/70 e seus exageros.

Indico para quem esteja a fim de ler um livro policial que sai da mesmice e, que tenha um bom estomago por que algumas cenas são um pouco pesadas para quem tem imaginação.

Dou 4 estrelas

"Esta triste notícia é uma cortesia da Matricária Dutra, a melhor para as gengivas do seu bebê. Se o seu bebezinho chora quando o dentinho aflora, Matricária Dutra alivia na hora."