quinta-feira, janeiro 11

(Dicas) #46 Livro Escrito Originalmente em uma Língua que não Seja Português ou Inglês


Olá galerinha,

Conseguiram descobrir em sua coleção um livro escrito em um idioma diferente da mesmice?

Esse desafio é mais fácil porque temos muitos livros, pelo menos dentre os clássicos, que são da literatura russa, A Divina Comédia é italiana, Os Miseráveis é francês, também temos uma onda de livros policiais de autores escandinavos, então não tem desculpa para não conhecer a literatura de outros lugares do mundo.

Mas, e um livro escrito em outro alfabeto? Humm aí é mais difícil né? Tirando os Russos e Gregos, é um pouco mais difícil de achar, mas com o tempo coisas bacanas vem chegando ao Brasil, mas será que nós brasileiros temos a sensibilidade e a empatia para apreciar obras escritas por culturas tão diferentes? Ehhh, complexo.

Vamos para as dicas?

Teogonia, de Hesíodo
No alfabeto grego, tentei fujir das famosas epopeias, dos grandes clássicos do teatro e da filosofia, mas é difícil fujir do passado então escolhi esta epopeia que conta o nascimento dos meus amados mitos gregos.

Sinopse: Muito do que sabemos sobre os antigos mitos gregos é graças a esse poema que, pela narração em primeira pessoa do próprio poeta, sistematiza e organiza as histórias da criação do mundo e do nascimento dos deuses, com ênfase especial a Zeus e às suas façanhas até chegar ao poder. Em nova tradução de Christian Werner, esta edição bilíngue do clássico grego conta com introdução e notas explicativas.


Ramayana
Em sânscrito, queria colocar um livro escrito em indi, mas com a colonização inglesa na Índia, acabei ficando meio confusa se os autores indianos modernos usam seu alfabeto ou o inglês então apelei para esse clássico da literatura, e um dos meus livros preferidos da vida, de tão lindo que esse livro minha gente 💗💗💗💗💗

Sinopse: Poucos trabalhos, na literatura mundial, têm inspirado um público tão vasto em nações com línguas e culturas radicalmente diferentes como os clássicos da literatura indiana O Ramayana e O Mahabharata, dois poemas épicos escritos em sânscrito cerca de 2.500 anos atrás. Em O Ramayana, William Buck reconta a história do príncipe Rama - escrita por um poeta conhecido como Valmiki - com toda a sua nobreza de espírito, intrigas da corte, a renúncia heroica, batalhas ferozes e o triunfo do bem sobre o mal com tamanha minúcia que faz com que esse grande épico indiano seja acessível ao leitor contemporâneo sem comprometer o espírito e o lirismo do texto original. Esse é um feito realmente extraordinário, se pensarmos em seus 25.000 versos! William Buck nos traz nesta, que é considerada a melhor versão ocidental do grande épico, a essência do patrimônio cultural do povo indiano, com os seus mitos, sua religião e sua cultura milenares. Na fabulosa interpretação deste clássico da literatura universal, Buck nos faz encontrar o mesmo temor respeitoso da Criação Divina, o mesmo assombro e a mesma fé na inter-relação de eventos naturais e sobrenaturais que fascinaram milhões de pessoas por mais de 2.000 anos.


A Metralhadora de Argila, de Victor Pelevin
Fazendo um pesquisa reparei que temos poucos livros contemporâneos russos (de outras línguas também, disponíveis no Brasil, e fuçando achei esse que parece ser muito interessante e difícil, mas fiquei super interessada porque amo filmes que usam essa mesma forma de narrativa.

Sinopse: Narrador e personagem principal da obra, Piotr Poustota vive em meio a alucinações e pesadelos, embalados com muita vodca e cocaína. Sob o comando do lendário general Tchapaiev, ele é um respeitado membro do Exército Vermelho em plena guerra civil que culminaria na ascensão do comunismo e na criação da União Soviética. Mas Poustota vive atormentado por freqüentes pesadelos, nos quais se vê como um interno num hospital psiquiátrico em plena Rússia dos dias de hoje. Ao médico do hospício, Timour Timourovich, ele descreve em detalhes minuciosos suas alucinações bolcheviques. Poustota narra seus terríveis sonhos. O que é real? O que é sonho? Estas são as perguntas propostas ao longo de toda a obra, na qual Pelevin traça um retrato da sociedade russa nos anos noventa e das dramáticas mudanças vividas desde a Revolução Comunista.


De repente, uma batida na porta, de Etgar Keret
Livro de contos (amo contos) de um autor israelense contemporâ-neo, o alfabeto hebreu é bem interessante, mas Israel tem uma história complicada, e para falar a verdade nem sei mais qual alfabeto eles usam, mas é tão difícil ver ficção daquela região que resolvi indicar por aqui mesmo assim

Sinopse: A conhecida, mas pouco praticada, teoria do nocaute de Julio Cortázar – segundo a qual o romance vence sempre por pontos, enquanto o conto deve vencer por nocaute – cai ou bate como uma luva (de oito onças, aquela usada pelos lutadores pesos-pesados) para a literatura de Etgar Keret, uma das atrações da Flip 2014. Considerado o principal nome da literatura israelense pós-Amos Oz, Keret, que também é cineasta e autor de quadrinhos, conquista o leitor por sua rara combinação de profundidade e leveza.
É impressionante como os 38 contos (alguns bem curtos, outros nem tanto) de De repente, uma batida na porta – livro que a editora Rocco, em tradução de Nancy Rozenchan, escolheu para apresentar o autor israelense ao leitor brasileiro – têm “pegada”. Muitos deles atacam logo nas primeiras linhas, para definir um clima de nonsense, humor, compaixão.
Assim abre o relato “Equipe”: “Meu filho quer que eu a mate” (e quando o leitor descobre quem é a possível vítima, o susto ainda é maior). “Abrindo o zíper”, um relato fantástico na linha de Cortázar, inicia de maneira singela, mas irresistível: “Começou com um beijo. Quase sempre começa com um beijo.” “Mystique” tem, talvez, uma das aberturas mais notáveis de todo o livro: “O homem que sabia o que eu estava prestes a dizer sentou-se a meu lado no avião, e deu um sorriso idiota. Isso é o que era mais enlouquecedor nele, o fato de que não era inteligente ou sensível, e ainda assim conseguia dizer todas as coisas que eu queria dizer, três segundo antes de mim.”
À guisa de introdução, Etgar Keret – um contador de histórias vocacional – compõe o relato que dá título ao livro. Nele encontramos um escritor que, dentro de sua própria casa, é acossado por três visitantes indesejados e armados que exigem que ele lhes conte... uma história, que em realidade é aquela que está sendo narrada. No conto são citados dois dos mais conhecidos escritores israelenses da atualidade: “Aposto que coisas como esta nunca aconteceriam com Amós Oz ou David Grossman.” De fato, no plano literário, Keret estaria mais próximo à influência e à tradição de Kafka (ainda que um Kafka que tenha lido Kurt Vonnegut e assistido aos primeiros filmes de Woody Allen). E, ao contrário de Oz, representante de uma geração anterior, tem um olhar mais desencantado, e não pacificador, em relação ao Estado de Israel e aos conflitos na região do Oriente Médio.
Daí a violência na vida cotidiana que transparece em sua obra. “Simyon” retrata o clima de insegurança e falsas existências, à margem da sociedade: um atentado ceifa a vida do marido de conveniência que a protagonista havia arranjado justamente para fugir ao alistamento militar obrigatório, e de cuja existência ela nem mais se lembrava. A par da violência, os personagens estão imersos numa solidão aparentemente sem volta: em “Manhã saudável”, um homem se compraz em ser confundido, às vezes perigosamente, com outras pessoas. Só para poder ter alguém com quem conversar.



Noites das mil e uma noites, de Naguib Mahfuz
Pior que tentar encontrar um livro contemporâneo que usa o alfabeto hebraico é encontrar um que usa o lindíssimo alfabeto árabe. Como o mundo 'árabe' é muito grande o que me deixou bem confusa. Isso sem falar que vira e mexe os autores deste canto do mundo são obrigados (por censuras, melhor oportunidade de vida, entre outros motivos) a migrar para países europeus ou americano, então foi complicado, mas novamente como é tão difícil ver  livros de ficção dessa parte do mundo no Brasil que decidi trazer a dica.
Ahhh resolvi fujir das Mil e Uma Noites em prol de algo moderno.

Sinopse: Inspirado no clássico As mil e uma noites, o escritor egípcio Naguib Mahfouz utiliza os personagens e a atmosfera mágica da obra-prima da literatura árabe para criar uma fábula moderna. A ação se desenrola na Idade Média, numa cidade islâmica indeterminada. Mas o leitor ocidental de hoje terá a surpresa de se deparar com elementos de seu cotidiano - uma sociedade infestada pela corrupção e pela inquietação social, com um chefe de polícia febrilmente ativo diante das ações clandestinas de seitas religiosas decididas a derrubar o regime. Ao mesmo tempo, tal como nas Mil e uma noites, gênios ainda saem de garrafas abertas por indivíduos ingênuos e transformam suas vidas de muitas maneiras, inclusive para pior.


Por Favor, Cuide da Mamãe, de Shin Kyung-Sook
Esse livro eu preciso, me emociono só de ler a sinopse, o livro é coreano, outro lugar bem relegado por nossas bandas

Sinopse: Em que momento da vida entendemos os sacrifícios que nossas mães fizeram? E o que acontece se é tarde demais para agradecer?
Por favor, cuide da Mamãe conta a história de Park So-nyo. Moradora de uma aldeia no interior da Coreia do Sul e mãe de cinco filhos já crescidos, ela desaparece ao chegar a Seul para visitá-los. Como fez a vida toda, o marido, com quem Park é casada há mais de 50 anos, simplesmente supôs que a esposa o seguia e a deixou para trás numa estação de metrô. Essa é a última vez que Park é vista. Enquanto a procuram pelas ruas da cidade, o marido e os filhos relembram a vida de Park So-nyo e repassam mentalmente tudo o que não disseram a ela. Por meio de suas vozes, começamos a entender os desejos, as dores e os segredos de uma mulher que ninguém nunca conheceu de verdade. E, à medida que o mistério do seu desaparecimento se desenrola, deparamos com um enigma ainda maior, comum a todas as mães e filhos: como o carinho, a exasperação, a esperança e a culpa somam-se para dar origem ao amor. Terno, redentor e belamente escrito, Por favor, cuide da Mamãe reconecta o leitor à própria história e a seus sentimentos mais profundos. Ao mesmo tempo um retrato da Coreia do Sul contemporânea e uma história universal sobre família e amor.

Bom pessoal é isso, ler é ótimo para conhecer diversas culturas, então não vamos nos prender só aqueles mesmos povos, vamos ler livros franceses, italianos, alemão, nigeriano, moçambicano, argentino, em fim vamos viajar.

Não perca as resenhas de A Casa das Belas Adormecidas e Macaco peregrino - Jornada ao Oeste, que foram os livros escolhidos por nós nesse desafio.

Agora é com vocês: Que livro escolheriam? Tem outras dicas bacanas? Fala para gente.

13 comentários:

  1. Me interessei nesse Por Favor, Cuide da Mãe! Parece lindo! Os únicos livros que eu li que o original não é português ou inglês e recomendo é Planeta dos Macacos (Frânces) e Battle Royale (Japonês). Adorei o post! :D

    collxtion.blogspot.com.br

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    1. Oiieee, ainda não tive a oportunidade de ler nenhum desses dois, mas conheço as obras, vi o filme de ambos, e estou bem curiosa com esse coreano também, gosto muito da culta oriental!

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  2. Adorei as dicas e me interessei mais por Noites das mil e uma noites, de Naguib Mahfuz...deve ser muito bom!

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  3. Gostei do desafio de vocês. vou fazer um balanço dos livros que eu já li pra saber qual país prevalece. Uma dúvida, todos esses livros são traduzidos do idioma original? Geralmente no Brasil os livros são traduzidos para português só depois que foram editados para língua inglesa ou francesa.
    *Sobre o idioma grego - tenho certeza de que já li Platão e Aristóteles

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    1. Que ótima ideia Julia, ano passado li baste livros japoses, nesse ano quero ler os alemães, nunca li nada deles. Não tenho certeza se todas as dicas são traduções diretas do idioma de origem, mas graças a Deus as editoras estão melhorando bastante quanto a isso.
      O que eu escolhi infelizmente é uma tradução americana, e mutilada, está faltando uma boa tradução dos clássicos chineses para português assim como já temos nos contemporâneos.

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  4. Oi Dani, tudo bem?

    Acho muito bacana a ideia desse desafio, pois estamos muito acostumados a ler livros originados da língua portuguesa e da inglesa, o que acaba fechando o círculo do leitor, deixando-o muito restrito.
    Então, adorei as sugestões que você trouxe, pois todas são muito novas para mim. "Noite das mil e uma noite" é o que mais chama a minha atenção.

    Beijos!

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  5. Oi Dani! Assim como o post dos livros japoneses, adorei esse. Gosto da ideia da gente sair da zona de conforto da origem dos livros. Confesso que que Por Favor, Cuide da Mamãe foi o que mais me chamou atenção. Achei a capa linda e amei a história.
    Parabéns por esse projeto. Beijos

    https://almde50tons.wordpress.com

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  6. Belas indicações ainda não li nenhum dessa lista mas já estou anotando os que quero ler. Bjos

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  7. Olá tudo bem? Muito bacana essa ideia do post, geralmente a gente lê muitos livros brasileiros ou americanos e quase nunca lemos nada que seja diferente disso. Parabéns pela ideia! Anotei todas as dicas, Bjs

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  8. Gostei muito das indicações e do seu post, quero muito ler o livro com todas as histórias de As mil e uma noites.

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  9. olá ,tudo bem ? Achei uma ótima ideia esse desafio literário, não li nenhum destes livros ,mais já anotei as indicações. Bjsss

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  10. Hey
    Adorei o desafio, mesmo sendo um pouquinho complicado. Não conhecia esse livros, mas adorei a dica. Irei pesquisar mais sobre eles.
    Abraço

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  11. Realmente é um desafio não usar nossos padrões ocidentais para avaliar uma história. Mas adorei suas dicas tem muita coisa interessante.

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